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Nossa busca por mulheres empreendedoras em São Sebastião acabou desaguando dentro de cada uma de nós. Foi um trabalho de reconhecimento mútuo e coletivo, um mergulho no que o feminino tem de mais generoso e acolhedor, corajoso e determinado, solidário e afetuoso.  

Artesã, escritora, dançarina, raizeira, professora, oleira, dona de casa, guia turística, elas têm em comum a paixão pela comunidade onde fincaram raízes e decidiram fazer o Bem, ajudando a realizar sonhos e transformar vidas. 

Enquanto despertam o gosto pela arte e pela cultura com seus projetos, essas mulheres semeiam o futuro de crianças da cidade e empoderam outras mulheres, fortalecendo e valorizando suas identidades. Forma-se uma cadeia amorosa e cuidadora que se multiplica em frutos benfazejos para todos os envolvidos. 

Quem doa e quem recebe? Há cinquenta anos, o tijolo maciço de Dona Leontina ensina a resistir e pertencer. Não por acaso, a Olaria Vereda cruzou o caminho de Aline, tornando-se uma das atrações do roteiro turístico afetivo que resgata a história de São Sebastião. Quem também conhece o poder de uma história é Léia. A arte da sua escrita estimula o gosto pela leitura em uma experiência itinerante de cura que começou com ela mesma. Os livros também deram vida nova à dona Dilma que transformou a garagem de casa em uma biblioteca comunitária. Kennya ajuda seu grupo de mulheres arteiras a reinventar-se, ela mesma se redescobrindo nesse enlace sustentável. 

A timidez de Dani por trás dos passos de dança ensina meninas a coreografar suas próprias vidas no Instituto Garatuja, que foi o primeiro projeto social de dança contemporânea do DF e hoje também é Ponto de Cultura de São Sebastião. O carimbó de Alessandra planta o Pará no coração do Cerrado, onde o pioneirismo de Margot constrói e eterniza a identidade afro. Plantar raízes como Dona Josefa que desde criança já sabia que é da terra que se tira o sustento e o remédio para todos os males. Dayane, do alto do seu cavalo, puxa um cordão de amazonas guerreiras numa cavalgada de empatia e superação. 

O que alinha esse cordão de mulheres que alimentam os sonhos da comunidade de São Sebas é a fé em si mesmas. Dona Eliza amplia e entrega essa fé ao dizer que o pouco com Deus é muito. Movida por tal convicção, ela vai das seis às dez da noite sem descanso, fazendo com que mais de 300 jovens recebam aulas de violão, balé, informática, artesanato e dança de salão. Transformando a dor em arte, Hellen hasteia a bandeira feminista e movimenta o Frida Lab com oficinas de escrita criativa, arteterapia, vídeo, teatro e gestão para o público feminino. O´hara abriu caminho para outras O´haras no mundo do Rap ao levar o toque feminino para as batalhas de rima. Na mesma energia pioneira, Sheila liberta a arte de ambientes fechados e convida o passante a refletir e contemplar frases e desenhos de stencil graffiti nos muros de São Sebas. Viviane e sua quadrilha Chinelo de Couro dançam a alegria de viver em espetáculos que começam bem antes das noites juninas, provando que gente é feita para brilhar e rua não é lugar de ficar. Fechando esse cordão de preciosidades, conhecemos a Tia Madá, capoeirista que confia na grandeza do coração sebastiano e ensina para a criançada, com muita ginga, que desistir é para os fracos. 

Todas essas mulheres virtuosas são como pérolas escondidas em conchas, a maioria das pessoas não enxerga seu valor. O projeto Saberes Culturais veio para juntar essas forças femininas. Veio para ser o fio condutor que as reúne num lindo colar.